quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um Milhão de Histórias Iguais - by: Saga


Bom, esse daí na verdade é meio velho já, mas tinha me esquecido de publicar... Alguns já devem ter lido, então não terá nenhuma novidade, é o mesmo conto de antes e não mudou nada. Divirtam-se e boa leitura!


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Não aguentava mais viver naquele mundo, ele estava cheio de todas aquelas pessoas hipócritas. Todos falavam sobre mudar o mundo, criar um lugar melhor, mas ninguém tomava iniciativa para tentar algo. Ele também não fazia nada, mas tinha a desculpa de o que conseguiria mudar sozinho no meio de seis bilhões de pessoas?

                Sempre quando saía de manhã, via várias pessoas fazendo a mesma coisa todo dia, todos com a mesma cara e indo seguir a mesma rotina, trabalhar, não faziam nada além de trabalhar, pareciam robôs, programados para não pensarem sobre o mundo, apenas trabalhar e consumir, trabalhar e consumir, trabalhar e consumir. Todos estavam vazios, corpos sem alma, não pensavam, apenas faziam o que mandavam. Sentia pena deles, vivendo uma ilusão, não tinha se libertado deste mundo material que nem ele, apesar de fazer a mesma coisa todo dia, pelo menos possuía consciência do que era real, só não conseguia se livrar disso... E era por isso que estava ali.

                Seu quarto estava completamente lacrado, a porta estava trancada, as cortinas impediam que passasse qualquer raio de luz, estava preso ali, isolado do mundo como sempre quis estar. A casa estava vazia e silenciosa, os outros haviam viajado e só voltariam na próxima semana, ou seja, continuaria abandonada por uma semana, era o dia perfeito para isto, para desistir do mundo, de toda essa grande baboseira, da vida, largar tudo pra trás. Toda aquela hipocrisia ia acabar para ele, não ia precisar mais suportar aquilo, ia estar livre de toda aquela imundice que a sociedade encontrava-se.

                Pegou a faca mais bonita da casa, se fosse para fazer isso, faria com “classe”, sempre que usassem aquela faca seriam lembrados do por que ele estava fazendo isto. Deitou-se na cama que estava arrumada como se ele fosse dormir, virou de lado, respirou profundamente, colocou a faca sobre seu pulso, era a hora. Sentiu um pouco de medo, mas já tinha pesquisado sobre isso e ficou um pouco espantado pela quantidade de “dicas”, ia acabar em segundos, mas nenhum deles deveria ter a coragem dele, a programação deles não deixava. Fechou os olhos, respirou mais uma vez, seria a última vez, moveu a mão que segurava a faca, sentiu uma dor pequena e rápida, mas dormiu em breve, dormiu para não acordar mais, agora estava livre desse lixo. Antes de perder a consciência, um pensamento lhe ocorreu: “Será que alguém sentirá minha falta?”. Não, ninguém notaria, o ônibus apenas seguiria levando todos para seus trabalhos.

                Imagine o que ele sentiria se soubesse que, no mundo inteiro, mais de um milhão de pessoas fazem a mesma coisa por motivos que nem o dele ou até piores. Será que ele ficaria frustrado? Arrepender-se-ia?

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